quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Fechando ciclos

Dizem que a vida é contada em ciclos de sete anos e que a cada fase temos metas a cumprir. Vá devagar, completando meu quarto ciclo percebi que cumpri tudo o que deveria até então e mais...
Na noite no meu aniversário, navegando pelo estreito de Gibraltar tive a sensação maravilhosa de avistar a Europa e a África, e sentir a diferença de temperatura nos dois lados, o vento diferente, o cheiro diferente, com certeza uma sensação ímpar. Agora, saímos do mar mediterrâneo, para ganhar o oceano atlântico e depois de passar pela ilha da madeira entendi porque os portugueses se lançaram ao mar.
Estou aqui de passagem, sentindo o balanço, os ventos fortes, e vendo que mesmo um navio que é um dos maiores do mundo, é bem pequeno quando abraçado por yemanjá.
Em alguns dias mais, chegarei no Caribe, para descobrir novas terras.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Agosto, mês do desgosto?

Agosto veio e foi sem que eu conseguisse postar nada, foi mal, estava vivendo um sonho. Quem diz que agosto é o mês do desgosto não conhece os três brasileiros que realizaram seus sonhos neste mês.
Não importa se o seu sonho é conhecer Florença, Barcelona ou Britney Spears, o que importa é que nós conseguimos, mas e agora? O que acontece quando temos os sonhos realizados? Ainda não sei, ainda é cedo para dizer... Passei 15 anos da minha e agora aconteceu, esse é o meu debut próxima parada Roma, mas não será com a mesma emoção. Por enquanto fico aqui, entre girafas e helenas à espera da minha gladiadora.







sexta-feira, 23 de maio de 2014

Sobre girafas, gladiadoras e Helena de Tróia.

Olhando pra trás vejo como o mundo está diferente, o Brasil, foi de país do futebol a país de manifestações. E nessa final de copa do mundo, o título foi tirado não só do país, como do continente provando que não basta ter raça sem técnica. O discurso de Romário (treinar pra que?) ficou no passado junto com a inflação galopante, o dólar estratosférico, Nelson Rodrigues e Carlos Drummond de Andrade.
Depois de seis meses longe da minha pátria, trabalhando muito, convivendo com diversas nacionalidades, sendo censurada, controlada, driblando toque de recolher, vendo Helena de Tróia curitibana dividir a Iugoslávia, brincando com girafas e assistindo gladiadoras na arena Crew Bar, volto pra casa só pra ver a Alemanha levar o meu Amor e o título que todos dizem que por obra e graça deveria ficar... Embora eu lamente profundamente, acho que ela (a Alemanha) pode e deve levar os dois, é mais que merecido, chega a ser necessário. E para o Brasil, fica a lição. Que venham as olimpíadas e a redenção.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Desapegar é preciso, esquecer não é!

Praticando o desapego:
Lição número um - saber que todas as pessoas que te receberam e com que você construiu uma vida e um relacionamento, vão embora e você vai ficar.
Lição número dois - Receba bem os que chegarem depois de você, eles vão segurar a sua barra quando os outros forem embora.
Lição número três - alguns bons amigos podem voltar, mas não conte com isso.

Aprendendo essas três lições, basta que você não se atrase para o trabalho, tome banho todos os dias, lave e passe suas roupas e fale sempre em inglês quando estiver trabalhando.
Repita tudo diariamente durante seis meses, depois volte pra casa e aproveite as férias.

segunda-feira, 31 de março de 2014

É tudo mentira

Primeiro de abril, dia da mentira... Oras, primeiro de abril tem tudo a ver com vida a bordo! No navio é tudo mentira, a única verdade absoluta é a hora que você entra no trabalho, quanto ao resto, ninguém se importa com essas mentiras...
Ta todo mundo estressado, cansado, com fome, enojado daquela comida estranha da Crew mess, mas hey, se anima, amanha tem ilha, partiu praia! "Really? Seriouslly? How come? To cansada e com fome, vou comer um toblerone e dormir as duas horas do break" disse a conterrânea de Alexandre o grande.
Tem sempre alguém chegando, indo embora e se você tiver sorte e paciência, talvez veja os que estão voltando, mas até a saudade aqui no mar te engana.
Beijos da sereia!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

It is what it is

Vivendo numa situação de confinamento, é difícil criar uma linha do tempo, diferenciar o que aconteceu hoje de manhã do que aconteceu ontem a noite ou na semana passada...
É claro que no navio existe uma rotina de trabalho (uma rotina militar, diga-se de passagem), mas depois que vc se acostuma a dormir pouco e comer a sua ração na hora que mandam, o resto é festa.
Passam os dias, vc diz pra todo mundo que esta bem, sorri o dia inteiro e a noite vai chorar na cama que é lugar quente. Evita ligar pra casa, pois não sabe lidar com emoções fortes e trabalhar quinze horas por dia, quando penso que vou enlouquecer, depois da semana mais difícil dos últimos dois meses, ele aparece, de surpresa, sorrateiro, mais eu o vi primeiro e o surpreendi tb. Meu pai! Ele veio por mim e pra mim, me ajudou em tudo o que eu precisei e foi embora orgulhoso por estar errado, achou que eu voltaria com ele, que desistiria, que fraquejaria, mas estou aqui, firme e forte! Agüentando as longas horas, a multiculturalidade (nem sei se essa palavra existe) que não é fácil, lidar todos os dias com gente do mundo inteiro sem poder falar sua língua pátria.
Enfim... "It is what it is" a frase mais usada todos os dias nesse navio, é a nova definição da minha vida.
Contando os dias pra voltar pra casa.
Beijos do mar!