sexta-feira, 22 de março de 2013

O carioca e a morte

A morte todos conhecem. Quem nunca perdeu um ente querido? Existem inúmeras maneiras de uma pessoa e/ou família lidar com esse pequeno contratempo da vida. (ok, esse início ficou horrível, mas não vou mudar!) E o carioca? Aquele malandro que caminha suingando, fala alto e não tem nenhum pudor em gritar o nome de um amigo que está atravessando a Presidente Vargas e o sinal já vai abrir. É claro que os cariocas ficam tristes com o falecimento de um parente ou amigo, mas... e quando é um alheio? Alguém que você não conhece, mas foi importante na vida de um amigo seu. Bom, neste caso, o típico nativo da cidade do Rio de Janeiro lamenta, fica um pouco desconcertado e manda uma mensagem no facebook dizendo o seguinte: - quando isso tudo passar, vamos marcar uma lapa?
Lindo!
Insensível até a raiz dos cabelos, mas isso é normal pro carioca, chega a ser natural. Você acha que eu estou exagerando? Ou que simplesmente esse amigo é insensível? Nada disso.
Há uns meses atras, me narraram a seguinte conversa:
- Zé...
- que houve Fernando? Você tá bem?
- to bem sim Zé, mas é que... O Jorge morreu...
- o Jorge irmão da Patrícia?
- sim.
- mas como? Quando? Porque?
- foi hoje de manhã, chamaram os bombeiros lá, mas não teve jeito. Já chamaram a família.

(O Zé para, pensa, seus olhos se enchem de lágrimas...)

- era um bom amigo esse Jorge.
- era sim Zé, era sim. Cara, tenho que ir, depois a gente se fala.

(O Zé passa o resto do dia agoniado, chega em casa e chama sua mulher.)
- Júlia!
- oi Zé.
- o Jorge morreu!
- mas quando foi isso? E como?
- eu encontrei o Fernando hoje na hora do almoço e ele me falou que foi de manhã. Não sei como, acho que enfartou.
- e a Silvia? (esposa e agora viuva do Jorge)
- não sei, queria ligar pra ela, mas não sei o que dizer, conheço o Jorge desde criança, sou padrinho da filha dele... amanhã eu ligo.
- ok
- vamos dormir?
- vamos sim.

(no meio da madrugada, o telefone toca)

- alôunm...pluf...bruuuu...
- Zé?
- quem ta falando?
- é o Fernando.
- oi Fernando, tem notícia da Silvia?
- tenho sim, to te ligando por isso. É que eu cometi um engano, não foi o Jorge que morreu, foi o Flávio, cunhado da Silvia. Você o conhecia?

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